Thursday, June 29, 2023

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"Pelas tuas mãos medi o mundo

 E na balança pura dos teus ombros

 Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua."

Tu, sempre tu, minha princesa.









A Lu(z) ao fundo do túnel?

Invariavelmente, as vielas do meu pensamento desaguam em becos sem saída.
A cada momento que de ti me lembro, confirmo que pouco sobra de mim.
E o que sobra tem que ser suficiente, embora nunca o seja, neste mundo que nos esmaga a cada dia que passa. 
Estamos, mas tão pouco. 
Sentimos, mas tão pouco. 
Vivemos, mas tão pouco. 
Pouco, sempre pouco. 
A multiplicação tamanha dos poucos que toldam a vida é amplificada pela tua ausência.
Em linguagem de gente, a tua ausência deu sentido à multiplicação que me corrói nesta maré temporal: só vaza, poucas vezes enche. 
Tenho saudades, muitas. Tenho saudades, muitas.
É um mundo voraz sem ti. Quase sempre engolido pelos dias, sem pestanejar. Sem contigo falar.
Tenho saudades, muitas. Tenho saudades, muitas. 
É difícil ser ouvido, com ouvidos de escutar.
Tenho saudades, muitas. Tenho saudades, muitas. 
A boca, que servia para me contraditar com primor ou para cozinhar conselhos com decibéis habilmente articulados, na expressão e no teor, já não cá mora. E às vezes deixavas a marinar o conselho, bem sei.
Tenho saudades, muitas. Tenho saudades, muitas. 
Contudo, ao invés de túnel ao fundo do túnel, vislumbro, agora, luz ao fundo do túnel. A Luzinha dos nossos olhos já despoletou algo inexplicável em mim. Anseio pela continuidade desse condão - qual cola necessária para juntar restos de mim! -  e, do pouco que por aqui ficou, almejo retribuir em amor, afeto e carinho: sim, aquele com que sempre me presenteaste (duplamente, pelas razões conhecidas) na sua forma plena. Foste sempre enorme - foi muito amor, sobra a dor. 
Tenho saudades, muitas. Tenho saudades, muitas. 

'Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?'

Thursday, June 30, 2022

1, 2, 3... Um privilegiado em forma de assim


(...) Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto

       Lembrar nota a nota o canto das sereias

       Lembrar cada lágrima

       Cada abraço (...)

<3   Amo-te, e o infinito é pequeno demais para o descrever.
        
       Primaveras!? Diz que 66. 




Monday, March 08, 2021

Rakushisha

"Deve haver como me perder, de algum modo.

Deve haver como me perder para encontrar aquele lugar no mundo que nunca foi pisado antes, um território realmente virgem.

Deve haver um modo, quem sabe, de partir em viagem e não regressar mais.

Reduzir-se à mochila que vai às costas e a umas poucas mudas de roupa.

Reduzir-se, ou agigantar-se, a uma ausência de casa própria e cidadania, esfacelar o papel pega-mosca do cotidiano e fazer dele mesmo, cotidiano, uma aventura infinitamente deslocável. Descolável. (...)

Desobjetivar-se.

Esse, o território realmente virgem - o único. 

Assumir como um sentido a falta de sentido da vida. Em todos os sentidos."




Wednesday, September 09, 2020

Não há vacina para o 'achismo'?

Vivemos no tempo do 'achismo'. Se eu achar que Portugal é no Japão, é apenas a minha opinião, mas é minha até ao fim - não confundir com o anúncio do gelado!

É só estúpida, mas talvez condizente com o mundo das redes sociais onde facto, opinião, razão, informação e conhecimento se misturam no mesmo indissociável saco.

E não, não são a mesma coisa, por muito que aqui nos façam crer.


(Vim só tirar o blogue do coma induzido)


José de Souza Martins: Estamos em face da ignorância moderna | Eu & | Valor  Econômico

Wednesday, March 13, 2019

O casamento da 'geração rasca' com a precariedade

Da realidade que teima em ser obtusa, ainda que com geringonças, ainda que com ralhetes de índole par(a)lamentar entre elementos da geringonça, ainda que com reminiscências de ilusionismo ou de máscaras carnavalescas inter-bancadas, ainda que com...

Dizem que a precariedade é para acabar, mas, deliberadamente, deixam-na ficar! A geringonça parece ecoar um dito célebre, agora no âmbito da precariedade: "espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais belo do que eu?"

Da esperança de outrora, emergem agora contornos recônditos. Rasca o fomos, porventura rasca o seremos, sem contudo baixar a guarda, até porque, a cair, cairemos de pé!


Monday, January 21, 2019

Humildes dejetos de bom caráter

Cobardemente, a mão que vês refletida no espelho do tempo, de faca em riste, é a mesma com que te querem, agora, cinicamente, cumprimentar.

Deixá-los de mão estendida, na perspetiva de que o voo dos dejetos das aves evite o solo, ainda que não consiga conspurcar quem anda a passear o caráter pelas ruas da amargura na sua falsa humildade.   





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"Pelas tuas mãos medi o mundo  E na balança pura dos teus ombros  Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua." Tu, sempre tu, minha pr...